SOS Porto Alegre
Movimento Cura POA busca soluções sustentáveis para A CAPITAL GAÚCHA
Repensar Porto Alegre na busca de soluções urbanas acessíveis e eficazes.
Este é o objetivo do Cura POA, articulação de projetos e iniciativas da sociedade civil, que terá o primeiro encontro nos dias 6 e 7 de abril, no Museu Iberê Camargo.
– A administração pública se mostra distante do dia-a-dia da população. Em vez de apoiar, muitas vezes até atrapalha, afirma Roberta Dias, que participa da organização do evento.
Conforme ela, o ambiente desanimado e pessimista que se abate sobre a sociedade também contribui para que a resolução dos impasses fique cada vez mais distante.
– A cidade cresceu de um jeito que nos fez esquecer que somos uma comunidade. E a gente, que ama e torce pelo futuro de Porto Alegre, está sentindo falta de uma comunidade mais alinhada e ativa no processo de mudança, acrescenta,
Roberta se apresenta como "designer de experiências”, desenvolvendo pesquisas sobre políticas sustentáveis adotadas com eficácia pelo mundo afora. Atualmente, cursa Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Sustentabilidade na Universidade de Lisboa.
No encontro, serão realizadas palestras e rodas de conversa, além de oficinas e workshops sobre temas que vão desde empreendedorismo social até hortas comunitárias, passando por cultura, urbanismo, sustentabilidade e educação contemporânea, entre outros.
– Existe muita gente a fim de fazer coisas legais em Porto Alegre e outras que já estão fazendo. Queremos ser um satélite para catalisar e disseminar essas ideias, completa Felipe Pimentel, psicanalista e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, coorganizador do Cura POA.
Entre os palestrantes, estão Natália Pietzsch, da Re-Ciclo, empresa que coleta resíduos orgânicos de residências para transformá-lo em adubo para jardinagem e hortas, e Luciano Braga, do Shoot the Shit, estúdio de comunicação voltado para estratégias, projetos e campanhas de impacto social positivo.
Participam ainda, entre outros convidados, Fernanda Carvalho, a Fê, do Coletivo Bússola, responsável pela plataforma Mapeando POA, que conecta pessoas a projetos, espaços e experiências na capital gaúcha, e Joana Burigo, uma das principais vozes do feminismo no Brasil, criadora do blog Casa da Mãe Joanna e colunista de Carta Capital.
Biblioteca humana
Rua da Margem participa do Cura POA na curadoria da Biblioteca, ação que reúne o depoimento de personagens da cidade, que contarão suas experiências de vida em vídeo e também estarão presentes para compartilhá-las durante o evento no Museu Iberê Camargo.
Experiências de "bibliotecas humanas" – onde se consultam pessoas, e não livros – tiveram início em Copenhague, durante o Festival de Roskilde (um dos três maiores evento de música pop da Europa), em 2000, e se disseminaram por diferentes capitais europeias nos últimos anos.
Nesta edição de Porto Alegre, a Biblioteca mostrará o depoimento de Sérgio Traunetti, figura histórica do bairro Cidade Baixa, que testemunhou as mudanças paisagísticas, sociais, econômicas e culturais do bairro boêmio de meados do século 20 até os dias de hoje. Outra participação é a de Priscila Macedo, da Biblioteca Comunitária Girassol. Ela faz parte de um grupo de jovens que revitalizou, com arte e cultura, uma área de lazer abandonada pela prefeitura no bairro Sarandi, na periferia de Porto Alegre.
A ação terá ainda a contribuição de Núbia Luísa Vargas dos Santos, uma das lideranças da Cooperativa de Educação Ambiental e Reciclagem Sepé Tiarajú, responsável por uma unidade de reciclagem de resíduos sólidos no bairro Navegantes.
Por fim, a Biblioteca contará com o testemunho da Tieta Colorada, como é conhecida Marilete Signorini da Rosa, ex-cozinheira (hoje aposentada) da Lancheria do Parque, uma das lanchonetes mais tradicionais e populares do bairro Bom Fim, onde se destacou não só pelas lides culinárias, mas principalmente pelos laços de amizade que construiu com os clientes.
A iniciativa está sendo viabilizada por meio de financiamento coletivo, que receberá contribuições até o dia 5 de abril.
Indagada acerca do futuro do Cura POA, Roberta Dias faz questão de salientar que os próximos passos irão depender do engajamento das pessoas envolvidas no projeto.
– Poderá virar um evento periódico, uma revista, um site ou simplesmente morrer na praia... Depende da galera, diz Roberta.
Cura POA
Dias 6 (das 18h30min às 23h30min) e 7 de abril (das 9h30 às 17h30min)
Local: Museu da Fundação Iberê Camargo
Entrada gratuita
Inscrições no link: bit.ly/curaeuvou