A cantoria de Nei Lisboa: show de voz e violão só com MPB convida plateia a curtir o clima de sarau

Os ensaios têm sido exaustivos no apartamento do bairro Santana onde mora Nei Lisboa, um dos mais inquietos e criativos representantes da música popular do Sul do Brasil – poucos produziram uma obra tão abrangente e com tanta qualidade nos últimos 40 anos, do Rio Mampituba para baixo.

Nei dá os últimos retoques para definir as 22 canções de Cantigualha, show inédito de voz e violão, agendado para sábado, dia 12 de abril, no Teatro CIEE/RS, em Porto Alegre. Nele, pela primeira vez, cantará apenas o que se convencionou chamar de Música Popular Brasileira.

Como compositor, Nei é um cronista de espírito astuto, capaz de perceber e interpretar como poucos o que se passa ao seu redor, com inteligência e bom humor. Mas, ao longo da trajetória de mais de 45 anos, também demonstrou ser um excelente intérprete, o que poderá ser, mais uma vez, comprovado no show do Teatro CIEE/RS.

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A tarde em que Lobão e Evandro Mesquita inventaram o rock brasileiro dos anos 1980

Na cena do rock brasileiro, Lobão – como é conhecido João Luiz Woerdenbag Filho, nascido em 11 de outubro de 1957, no Rio de Janeiro – é um franco-atirador, como ele próprio declara na canção Ronaldo Foi Pra Guerra.

Apesar disso, longe de ser um coadjuvante, esteve presente de corpo e alma em algumas das cenas mais emblemáticas da história do rock tupiniquim, como a do ato de fundação da Blitz.

Essas e outras histórias do rock e da trajetória pessoal de Lobão foram contadas no podcast do Rua da Margem, gravado na manhã de 23 de novembro, dia em que o cantor apresentou o show 50 Anos A Mil, que celebra meio século de sua carreira, no bar Opinião, em Porto Alegre.

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A canção inacabada de Alex Vaz, músico pelotense que encantou a Cidade Baixa

Um clima de desolação tomava conta das calçadas da Cidade Baixa, reduto boêmio da cidade. Boa parte dos bares sequer abriu as portas, em sinal de luto. Nos poucos que estavam abertos, as pessoas se aglomeravam para espantar o ar gelado e repartir o sentimento de surpresa e desconsolo.

O bairro havia amanhecido (em 8 de agosto passado) com a notícia da morte do músico pelotense Alex Vaz, aos 39 anos, causada por infarto fulminante.

— A morte nunca chega em boa hora. Mas, quando vem de forma inesperada, é como se a vida desse uma rasteira na gente — diz o músico e produtor Protásio Jr., um dos parceiros mais constantes na trajetória profissional de Alex.

Não foi difícil explicar a comoção. Alex era um dos personagens mais cativantes da cena noturna da Cidade Baixa nos últimos tempos (e também do eixo cultural que interliga a Capital à Zona Sul do Estado).

Gentil e generoso ao extremo, ao mesmo tempo sem papas na língua, o Gordo – como, carinhosamente, era chamado – gostava de gente, movimento, alegria. Para citar um dos inúmeros bordões que tirava da cartola para divertir a roda de amigos, tinha “amor ao baile”, o que – em última instância – significava amor às coisas boas da vida.

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Paulo César Teixeira
A noite em que Eduardo Galeano deu uma banda no antigo e lendário Bar do Beto

Rua da Margem reconstituiu a história que está por trás da imagem capturada pelo fotógrafo Eduardo Luiz Achutti numa noite de novembro de 1985, no antigo e lendário Bar do Beto, um dos botecos mais cults de Porto Alegre na década de 1980.

Na imagem, o escritor uruguaio Eduardo Galeano mira a lente de Achutti ao caminhar por entre as mesas apinhadas de frequentadores assíduos do barzinho, à época localizado na esquina da Avenida Venâncio Aires com a Rua Vieira de Castro, no bairro Farroupilha.

— Fiz a foto como um híbrido de fã e colega de bar. Por isso, ela ganhou uma abordagem franca e direta — diz Achutti, que vai completar meio século de carreira no fotojornalismo em 2025.

A conversa com Galeano se estendeu madrugada adentro.

— Esperávamos encontrar um intelectual indignado e furioso, como era a maioria dos intelectuais engajados daquele tempo, mas fomos surpreendidos por uma figura doce, que encantou a todos com as histórias que contava — diz Duda (hoje professora de Português na Universidade de Siena, na Itália).

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O mais universal (e mais gaúcho) diretor do teatro brasileiro

— Eu não tenho como não me engajar, como ficar passivo diante de uma catástrofe como essa. Como não ficar emocionado? É devastador. Além de chorar, preciso fazer alguma coisa, ainda mais quando se trata de um povo como o gaúcho e de um lugar como o Rio Grande do Sul.

A declaração é do diretor teatral Gerald Thomas ao comentar a situação dos artistas do Sul do Brasil afetados pelas enchentes de maio de 2024. O depoimento foi dado ao podcast do Rua da Margem, no canal Adjuntos.

Apontado como o mais universal dos encenadores do teatro brasileiro, com peças produzidas em cerca de 20 países, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Áustria e Itália, Gerald postou vários vídeos no Instagram, nas últimas semanas, cobrando a liberação dos recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG).

Além da questão humanitária, também a identidade com as plateias gaúchas contribuiu para o posicionamento adotado pelo diretor:

— Tenho que ser absolutamente aberto: o público do Rio Grande do Sul é o melhor do Brasil. Desculpem os outros, mas é. É o que tem melhor entendimento do meu trabalho, disso não tenho a menor dúvida.

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Casa viva

No cenário da Cidade Baixa, bairro de Porto Alegre onde sobrevivem resquícios de uma vida simples e despojada, aquele senhor não se constrangia ao sair para a rua com as roupas confortáveis que usava em casa, mesmo que fosse para cumprir compromissos que, teoricamente, exigiam alguma formalidade.

Quando recebeu uma homenagem na Fundação Ecarta, na Avenida João Pessoa, por exemplo, não achou preciso tirar o chambre – apenas envergou por cima um pala para se proteger do frio.

Não é de admirar que adotasse a mesma indumentária em atividades menos solenes, como almoçar no pé-sujo da Rua Lima e Silva, a dois quarteirões de casa. Neste caso, agregava um par de rústicos tamancos, daqueles típicos do homem do campo, que, afinal de contas, ele nunca deixou de ser.

Estamos falando de Diógenes Oliveira, figura de carne e osso que foi protagonista de alguns dos momentos históricos mais ricos e conturbados da história do Brasil.

Diógenes participou da Campanha da Legalidade, pegou em armas para combater o regime militar instaurado em 1964, foi preso e torturado nos porões da ditadura e passou por quase uma dezena de países durante o exílio, que durou 23 anos.

Agora, dá nome ao mais novo Ponto de Cultura aberto na Cidade Baixa, mais precisamente na Rua Lopo Gonçalves, 495, endereço em que morou durante 36 anos.

— Meu pai foi um guerreiro, que enfrentou condições completamente adversas e se manteve íntegro pela vida toda – afirma o jornalista Guilherme Oliveira, de 36 anos, responsável (junto com o irmão, o advogado Rodrigo, dois anos mais velho) pela ideia de transformar o sobrado da Lopo Gonçalves no Ponto de Cultura Diógenes Oliveira.

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A avó dos hippies

Lá pela metade dos anos 1970, um bando de jovens cabeludos bateu à porta de uma casa na Rua Tiradentes, no bairro Floresta, em Porto Alegre. Quase todos vestiam túnicas de algodão e calçavam sandálias de couro, acompanhando a moda hippie da época. Estavam atrás de uma senhora que, naquele endereço, fazia mapa astral e ensinava astrologia – àquela altura, o tema já fazia parte das conversas cotidianas da galera.

Com mais de 10 mil mapas astrológicos produzidos ao longo de 78 anos de existência, Emma de Mascheville, a dona Emy, desenvolveu uma doutrina sobre a relação do cosmos com a vida humana com um olhar pessoal e intransferível, com base não apenas em estudos teóricos, mas, principalmente, a partir da própria vivência, repleta de acontecimentos inesperados e desafiadores.

Parte da vida e do pensamento de Emma de Mascheville está reunida no livro O Que o Céu e os Homens Me Ensinaram – Astrologia Para a Era de Aquário, edição independente organizada por Amanda Costa, com produção editorial de Antonio Carlos Bola Harres (ambos discípulos de dona Emy).

Não bastasse ter formado uma geração de astrólogos – além de Bola e Amanda, dela também fazem parte Graça Medeiros, Lídia Fontoura, Cláudia Lisboa e Fábio Mentz, entre outros –, dona Emy contribuiu para o engrandecimento da vida espiritual e cultural de Porto Alegre, graças à dimensão singular de sua figura humana.

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Histórias do samba rock

Delma Gonçalves e Leleco Telles (falecido em 2004) são personagens centrais de uma rica história da cultura popular, que será o tema do Conversa de Rua – Memórias e Releituras do Suingue e Samba Rock do Sul, evento que acontece neste sábado, dia 23/setembro, a partir das 9 da noite, no bar Milonga, na Travessa dos Venezianos, na Cidade Baixa.

As canções e as histórias de vida do suingue – gênero criado por artistas negros gaúchos, na década de 1960 – serão cantadas e contadas por Delma, poetisa e compositora, junto com a cantora Joice Mara e o violonista Pedro Chaves. A condução é do jornalista Paulo César Teixeira, do Rua da MargemDelma e Leleco foram parceiros musicais de Jorge Moacir da Silva, o Bedeu, principal expoente do suingue, que mistura elementos tradicionais do samba com influências da música internacional, como rock, jazz e blues. 

Ele é autor de canções de sucesso nacional na voz de artistas como Bebeto, Wilson Simonal, Originais do Samba, Branca di neve, Jair Rodrigues, Fernanda Abreu. Ultramen e Clube do Balanço, a exemplo de Menina Carolina (com Leleco), Grama Verde e Saudades de Jackson do Pandeiro (essa com Luís Vagner).

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No balanço do suingue

— Por incrível que pareça, muita gente que mora em São Paulo e no Rio de Janeiro acredita que não existem negros no Rio Grande do Sul. De certa forma, a cultura negra do Sul é desconhecida até para quem vive aqui. É como se fôssemos invisíveis.

A constatação é de Kau Azambuja, um dos principais nomes da música negra sulista (fez parte de bandas como Produto Nacional e Senzala), que vai participar do Conversa de Rua neste sábado, 19/agosto, no Milonga, bar da Travessa dos Venezianos, na Cidade Baixa.

A iniciativa é do Rua da Margem, com a mediação do jornalista Paulo César Teixeira, editor do portal. No bate-papo, Kau vai relembrar a sua trajetória de vida e arte e dar canjas musicais.

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O Uruguai é aqui

Aberto há nove anos, Tango - Sabores do Uruguay é o bar da moda na Cidade Baixa, bairro boêmio de Porto Alegre. Desde que passou a promover shows de música ao vivo, vem aglutinando pequena multidão na calçada em frente, em especial aos domingos, na Rua da República, quase esquina com a José do Patrocínio. O proprietário, o uruguaio Robert Fabian Loyarte Lascano, já se prepara para abrir um novo estabelecimento no bairro, o restaurante Matrero Parrilla de Barrio, na Rua Lima e Silva. A ideia é trabalhar com uma gastronomia que tenha a cara do Uruguai, sem perder o calor humano da Cidade Baixa, antecipa ele.

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Salve o moinho

O casarão no coração de Farroupilha, na serra gaúcha, tem muita história para contar. Como se não bastasse, até pouco tempo atrás era um point noturno da cidade.

Mas, de uns tempos para cá, ninguém mais podia dar certeza de que o Moinho Covolan não poderia se transformar, de uma hora para outra, em poeira e ruínas. Afinal, é o que acontece com boa parte do patrimônio histórico no Brasil.

Essa ameaça ficou um pouco mais distante com o tombamento do prédio decretado no último dia 7 de junho pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (COMPHAC) de Farroupilha.

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O guardião do sopapo

A história já é quase uma lenda.

Aos 12 anos, Gilberto Amaro do Nascimento, o Giba Giba, tomou nos braços pela primeira vez o sopapo, um tambor de grandes dimensões (1,5 m de altura por 60 cm de diâmetro) produzido a partir de couro de cavalo e troncos de árvores, legado de escravos das charqueadas do século 19.

Historicamente, há registros do ecoar do tambor de timbre grave na região sul do Rio Grande do Sul desde 1826. O certo é que, a partir da década de 1940, foi adotado pelas escolas de samba de Pelotas e Rio Grande.

Quem apresentou o sopapo a Giba Giba foi Boto, um babalorixá de Pelotas, a terra natal do guri.

— Tu vais ser o cara deste instrumento aqui — previu o guia espiritual.

Parte dessa história está contada na exposição Giba Giba – O guardião do sopapo, no Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.

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Alegria, liberdade e cerveja gelada

Poucos lugares representaram tão bem a efervescência dos anos 1980 em Porto Alegre quanto o bairro Bom Fim, principal reduto boêmio e cultural da capital gaúcha ao final do século 20. E, no Bom Fim, havia um ponto de convergência que encantou duas ou três gerações de porto-alegrenses como espaço de cultura e lazer ao ar livre, embaixo de jacarandás e do brilho da lua, junto ao Parque da Redenção: o Escaler, bar fundado em 1982 por Antônio Calheiros, o Toninho do Escaler.

Agora, a trajetória do Escaler está contada em depoimento de Toninho ao jornalista Paulo César Teixeira, editor do Rua da Margem, ao longo das 196 páginas de Escaler: quando o Bom Fim era nosso, Senhor!, livro que lançado pela Ballejo Cultura & Comunicação.

— Tudo o que eu queria era vender cerveja com democracia e felicidade.

Escaler: quando o Bom Fim era nosso, Senhor! conta ainda o período de declínio do Bom Fim, quando a repressão policial correu solta nas madrugadas da Avenida Osvaldo Aranha & adjacências, decretando o fim do sonho do bairro como um ponto cultural e boêmio.

Revela também um pouco da história pessoal de Toninho, destacando passagens da infância em Pelotas, as viagens de carona pelo Brasil e a América do Sul e a vida de marinheiro em mar aberto.

Para o jornalista Paulo César Teixeira, a leitura do livro é uma oportunidade de reviver as milhares de histórias que ficaram na lembrança e na imaginação dos que frequentaram o Escaler, além de apresentar o bar e aquele período histórico que marcou Porto Alegre às gerações mais jovens.

— O livro deve ser lido como se estivéssemos navegando num bote salva-vidas (afinal, o significado original do nome do bar) em meio a esses tempos caretas e sombrios pelos quais estamos passando — conclui Paulo César.

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Paulo César Teixeira
A galera do Garibas está órfã

Por mais de duas décadas, o Bar Garibaldi foi um dos poucos botecos a deixar as portas abertas até quase o raiar do dia na Cidade Baixa, o bairro mais boêmio de Porto Alegre. Como autêntico “pé-sujo”, atraia um público fiel e eclético graças aos preços acessíveis e ao ambiente despojado e acolhedor.

É verdade que o Garibas, apelido que ganhou dos clientes, já tinha encerrado as atividades em maio de 2017, mas na última terça-feira, 25/5, a galera que se habituara a frequentá-lo ficou órfã pela segunda vez com a morte repentina da dona do bar, Neusa Tormes, aos 58 anos.

Neusa não era uma dona de bar qualquer, de jeito nenhum. A princípio, ela cativou boêmios à moda antiga, apreciadores do clássico martelinho a qualquer hora do dia.

Nos últimos tempos, havia conquistado o coração de uma juventude formada por universitários, ativistas da diversidade sexual e adeptos de bikes como modelo de mobilidade urbana, entre outros grupos alternativos.

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Museu de Porto Alegre pede socorro

O Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, responsável pela preservação da memória da Capital. está em situação de risco.

Nesta segunda-feira, 19/4, o Museu completou 114 dias sem contar com uma direção instituída. O cargo está vago desde que a historiadora Letícia Bauer saiu para dirigir o Memorial do Rio Grande do Sul, em 5 de janeiro deste ano.

Além de estar acéfalo há três meses e meio, o Museu localizado na Rua João Alfredo, nº 582, na Cidade Baixa, vem sendo alvo de furtos e atos de vandalismo. Em 2021, já foram registrados quatro Boletins de Ocorrência na polícia.

— Para além das dificuldades de ordem técnica que a falta de direção acarreta para um museu, a aparência de abandono certamente estimula a ação de ladrões e vândalos — afirma João de los Santos, presidente da Associação de Amigos do Museu de Porto Alegre.

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Livro do Rua da Margem ganha Prêmio AGES 2020

O livro Rua da Margem – Histórias de Porto Alegre, de Paulo César Teixeira, editor do portal Rua da Margem, ganhou o Prêmio AGES 2020, da Associação Gaúcha de Escritores, na categoria Não-Ficção. Neste ano, a premiação contou com 157 inscritos. Em função da pandemia, a cerimônia de entrega aos vencedores foi realizada no formato on-line. em 30/11.

Rua da Margem – Histórias de Porto Alegre traz à tona uma Porto Alegre que pouco aparece por aí – a cidade do Barão da João Alfredo, do Ildo da Lanchera, do Sid do Bambu’s, da cantora Valéria, do Pé Palito, do seu Cláudio do Parangolé. Uma cidade plural e diversa, vaidosa de sua história e aberta à cena contemporânea.

— Estamos muito felizes e envaidecidos com a premiação. O livro está em sintonia com a ideia do portal Rua da Margem de destacar personagens e cenários de Porto Alegre que não aparecem com frequência na mídia mais tradicional — afirmou Paulo César, ao receber a premiação.

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Mapa de humanidades

Fotos que vivi: Achutti 45 anos, livro digital lançado pela Ponto UFRGS (loja de produtos institucionais da Universidade), reconstitui a trajetória profissional de Achutti, hoje com 61 anos, que é também antropólogo e professor da UFRGS.

Como repórter-fotográfico, Achutti publicou em veículos como Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Coojornal e IstoÉ, nas décadas de 1970 e 1980 – em 1987, chegou a criar sua própria agência de fotografias para prestar serviços a jornais e revistas.

A partir dos anos 1990, passou a dar prioridade a exposições e livros, registrando flashes de vivências e incursões a países como Cuba, Nicarágua, Alemanha e França, além de se dedicar à carreira acadêmica.

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CB de bar em bar

A Zazauera e o Atelier 5 reuniam “iniciados” numa espécie de culto à festa na abertura do século XXI. Marcaram a origem da boemia contemporânea da Cidade Baixa e se eternizaram na memória afetiva de Porto Alegre como verdadeiras lendas urbanas.

O coletivo foi batizado de Zazauera, nome adaptado do título de uma canção de Ben Jor. Talvez a expressão que mais bem defina o ideário do grupo seja esquizosambarock, a qual sugere um improvável encontro de Ben Jor e Deleuze na Cidade Baixa. A palavra, que não consta no dicionário, remete tanto ao samba-rock, gênero musical brasileiro que se destacou nos anos 1960 e 1970, quanto à esquizoanálise, terapia explicitada por Deleuze e o psicanalista Félix Guattari.

Já o Atelier 5 ganhou fama no boca-a-boca da cidade como espaço de festas e atividades culturais na Cidade Baixa. É verdade que teve uma aparição efêmera e fulgurante – com agenda fixa de eventos, durou de fevereiro a outubro de 2003, tempo suficiente para virar uma dessas lendas urbanas que, de quando em vez, se formam no imaginário de uma cidade.

— É um lugar do qual muito se fala, mas poucos conheceram de fato. Esses passaram para a história como sortudos e felizes iniciados de uma espécie de culto à festa — complementa Fred.

A festa acabou de vez quando, após três interdições da prefeitura devido a reclamações de vizinhos, o Atelier 5 fechou as portas. Saiu da cena boêmia para entrar na história do imaginário da noite porto-alegrense.

— O Atelier 5 foi a contravenção mais alegre do início do milênio — resume Juli Farina.

Após a dissolução da Zazauera e o fechamento do Atelier 5, a atmosfera de sonho e encantamento do princípio do século na CB se disseminou por todo o bairro, transformado com todas as honras no ponto boêmio contemporâneo de Porto Alegre.

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Paulo César Teixeira