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A noite em que Eduardo Galeano deu uma banda no antigo e lendário Bar do Beto

Rua da Margem reconstituiu a história que está por trás da imagem capturada pelo fotógrafo Eduardo Luiz Achutti numa noite de novembro de 1985, no antigo e lendário Bar do Beto, um dos botecos mais cults de Porto Alegre na década de 1980.

Na imagem, o escritor uruguaio Eduardo Galeano mira a lente de Achutti ao caminhar por entre as mesas apinhadas de frequentadores assíduos do barzinho, à época localizado na esquina da Avenida Venâncio Aires com a Rua Vieira de Castro, no bairro Farroupilha.

— Fiz a foto como um híbrido de fã e colega de bar. Por isso, ela ganhou uma abordagem franca e direta — diz Achutti, que vai completar meio século de carreira no fotojornalismo em 2025.

A conversa com Galeano se estendeu madrugada adentro.

— Esperávamos encontrar um intelectual indignado e furioso, como era a maioria dos intelectuais engajados daquele tempo, mas fomos surpreendidos por uma figura doce, que encantou a todos com as histórias que contava — diz Duda (hoje professora de Português na Universidade de Siena, na Itália).

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O Uruguai é aqui

Aberto há nove anos, Tango - Sabores do Uruguay é o bar da moda na Cidade Baixa, bairro boêmio de Porto Alegre. Desde que passou a promover shows de música ao vivo, vem aglutinando pequena multidão na calçada em frente, em especial aos domingos, na Rua da República, quase esquina com a José do Patrocínio. O proprietário, o uruguaio Robert Fabian Loyarte Lascano, já se prepara para abrir um novo estabelecimento no bairro, o restaurante Matrero Parrilla de Barrio, na Rua Lima e Silva. A ideia é trabalhar com uma gastronomia que tenha a cara do Uruguai, sem perder o calor humano da Cidade Baixa, antecipa ele.

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Mapa de humanidades

Fotos que vivi: Achutti 45 anos, livro digital lançado pela Ponto UFRGS (loja de produtos institucionais da Universidade), reconstitui a trajetória profissional de Achutti, hoje com 61 anos, que é também antropólogo e professor da UFRGS.

Como repórter-fotográfico, Achutti publicou em veículos como Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Coojornal e IstoÉ, nas décadas de 1970 e 1980 – em 1987, chegou a criar sua própria agência de fotografias para prestar serviços a jornais e revistas.

A partir dos anos 1990, passou a dar prioridade a exposições e livros, registrando flashes de vivências e incursões a países como Cuba, Nicarágua, Alemanha e França, além de se dedicar à carreira acadêmica.

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O bofe nas vilas de malocas

A homossexualidade masculina foi um dos argumentos usados como justificativa para a transferência da população pobre de Porto Alegre de áreas centrais para a periferia da cidade no século passado.

Essa é a afirmativa do historiador Rodrigo Weimer após estudar dados de um relatório administrativo sobre as “vilas das malocas” (hoje denominadas favelas) apresentado em 1952 pela prefeitura da capital gaúcha na Câmara de Vereadores. A conclusão é exposta por Weimer em artigo publicado há pouco mais de um mês pela revista Aedos, do PPG em História da UFRGS.

O relatório elaborado durante a gestão do prefeito Ildo Meneghetti aponta evidências de alcoolismo, prostituição e comportamento sexual não-normativo como exemplos de “sujeira moral”, “quisto social” e “situação anômala” no cotidiano dos favelados, o que teria servido de argumento e pretexto para a posterior expulsão dos “maloqueiros” para áreas distantes do Centro. Textualmente, o documento histórico afirma que casos “palpáveis surgiram à tona durante a pesquisa, demonstrando que, se bem que em extremos, até que ponto pode chegar a imoralidade nesses grupamentos humanos”.

— Constata-se que, sob um viés moralista e uma visão preconceituosa, a sexualidade desviante foi considerada abjeta e, mais do que isso, aproximada à realidade da “maloca”, ela, também, impregnada de atributos pejorativos, destaca Weimer.

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As cores do invisível

Nos anos que sucederam a abolição da escravatura no Brasil, em 1888, os negros que haviam se libertado do jugo de seus senhores coexistiram em áreas pobres e degradadas de Porto Alegre com imigrantes europeus, não apenas italianos e alemães, mas também judeus, pomeranos e poloneses.

Como eram as relações entre essas duas populações de trabalhadores é o tema de Além da Invisibilidade: História Social do Racismo em Porto Alegre durante o Pós-Abolição (EST Edições), livro lançado no dia 5/7 pelo historiador Marcus Vinícius de Freitas Rosa.

Uma das descobertas da investigação é a de que, mesmo entre populações pobres, a discriminação por causa da cor se sobrepunha ao nivelamento social, como destaca o historiador:

— A pele branca era um trunfo para os trabalhadores pobres de origem europeia, ainda que fossem todos, brancos e negros, miseráveis, morando à beira de um riacho imundo. É como se dissessem: “Pelo menos, somos brancos”.

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É uma brasa, mora?

O domingo é de festa na Cidade Baixa.

À noite, a galera sai de casa para gastar a sola de sandálias e tênis ao som de brasilidades, grooves y otras cositas más no Baile Brasa, que está comemorando seis anos de elegância e malemolência na pista do Espaço Cultural 512.

O Baile Brasa costuma reunir um público geralmente classificado como “alternativo”, formado por artistas, estudantes e profissionais liberais, que acompanha o evento há mais tempo. Em paralelo, atrai uma plateia jovem que descobriu a festa há pouco tempo.

Cerca de 80% dos frequentadores estão na faixa entre 24 e 40 anos, como mostram as pesquisas de público aferidas na página do Baile Brasa no Facebook. Acima de 40 anos, 20% e, abaixo de 24 anos, algo como 0,02%, ou quase nada.

– Estou bem feliz, é um grande barato fazer esse baile e acredito que isso fica evidente para quem está curtindo na pista. Por outro lado, continua a existir o tesão de preparar o repertório e ainda sinto o friozinho na barriga quando a festa está para começar, conclui Kafu.

O Baile Brasa é o ponto alto da carreira de Jorge Luiz Silva Braga, DJ conhecido como Kafu S., que comanda o ritmo da pista, ao lado dos DJs Fausto Barbosa e Wagner Medeiros.

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Eis que chega a Roda Viva

Quando Chico Buarque pisou o palco do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, para iniciar o espetáculo da turnê Caravanas, na sexta-feira, dia 17 de agosto, estava diante de um público que guarda na ponta da língua o repertório de um dos maiores compositores brasileiros.

Não bastasse a popularidade do artista com mais de meio século de carreira – desde a estreia, em Belo Horizonte, em dezembro do ano passado, Caravanas já foi assistido por mais de 130 mil pessoas no Brasil e em duas cidades de Portugal –, as canções de Chico Buarque vêm sendo continuamente revisitadas e reverenciadas no circuito de teatros, bares e cafés da capital gaúcha.

A banda Roda Viva, que desde 2004 produz um trabalho consistente de tributo à obra de Chico, sempre com casa cheia, é em grande parte responsável por isso. Nos espetáculos, os arranjos originais das gravações são preservados até o limite para que o público possa reconhecer de imediato cada uma das canções.

– As pessoas gostam de ouvir o repertório do Chico do jeito como elas o conheceram. Quando conseguimos copiar, ficamos felizes, mas nem sempre isso é possível. É preciso adaptar arranjos produzidos para grandes orquestras para o formato da banda, ressalta Felipe Bohrer, um dos sete integrantes da Roda Viva.

Além de clássicos bastante conhecidos do grande público, como Roda VivaConstrução e Meu Caro Amigo, o grupo não esquece das amostras do “lado B” de Chico, casos das composições assinadas com o pseudônimo de Julinho da Adelaide para fugir do assédio da censura:

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Cultura no Centro

Rua da Margem mapeou os eventos culturais do centro de Porto Alegre. 
De sarau em livraria ou loja de moda feminina até desafios poéticos em praça pública, passando por shows de música na biblioteca ou nas escadarias do viaduto. Sem falar em peças de teatro em botecos.  A agenda cultural amplia movimento nas ruas, anima territórios e dá mais vida e segurança à área central da cidade.

– Há uma interação positiva nessa onda de opções culturais na região central, diz Fernando Ramos, organizador do FestiPoa Literária, um dos principais eventos de cultura da cidade.

Nani, do Tutti Giorni, vai mais longe, abrindo os braços como se com eles pudesse abarcar toda a área central:

– Quer dar mais vida e segurança ao Centro? É simples: basta permitir que os estabelecimentos possam abrir até mais tarde, sem deixar de fiscalizar quem não se comporta direito. Isso aqui era para estar repleto de bares, cafés, confeitarias, bibliotecas durante a noite... Do jeito como está, as pessoas estão proibidas de sair de casa por falta de segurança.

Em seguida, ele complementa: – Quando o Tutti Giorni está aberto, o pessoal do prédio aqui de cima pode descer com uma cadeira de praia para tomar um mate, porque estará totalmente seguro.  E ainda vai se divertir...

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