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A noite em que Eduardo Galeano deu uma banda no antigo e lendário Bar do Beto

Rua da Margem reconstituiu a história que está por trás da imagem capturada pelo fotógrafo Eduardo Luiz Achutti numa noite de novembro de 1985, no antigo e lendário Bar do Beto, um dos botecos mais cults de Porto Alegre na década de 1980.

Na imagem, o escritor uruguaio Eduardo Galeano mira a lente de Achutti ao caminhar por entre as mesas apinhadas de frequentadores assíduos do barzinho, à época localizado na esquina da Avenida Venâncio Aires com a Rua Vieira de Castro, no bairro Farroupilha.

— Fiz a foto como um híbrido de fã e colega de bar. Por isso, ela ganhou uma abordagem franca e direta — diz Achutti, que vai completar meio século de carreira no fotojornalismo em 2025.

A conversa com Galeano se estendeu madrugada adentro.

— Esperávamos encontrar um intelectual indignado e furioso, como era a maioria dos intelectuais engajados daquele tempo, mas fomos surpreendidos por uma figura doce, que encantou a todos com as histórias que contava — diz Duda (hoje professora de Português na Universidade de Siena, na Itália).

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O anfitrião de Porto Alegre

Eduardo Titton, de 33 anos, criador de três bares que estão em qualquer lista dos mais inovadores de Porto Alegre – Agulha, Linha e Vasco da Gama, 1020 –, prepara-se para lançar um quarto projeto na noite da Capital: uma vermuteria no 4º Distrito.

Aberto em agosto de 2017, em sociedade com o mano Fernando, o Agulha é, atualmente, o principal palco das vertentes contemporâneas da música popular em Porto Alegre.

O Linha conta com bar e espaço para sessões de cinema, performances de dança, oficinas e workshops, além de ateliês individuais e compartilhados para artistas visuais.

Em parceria com o chef Mauri Olmi, Eduardo, Fernando e Bruna se preparam para abrir uma vermuteria a uma quadra do Linha, no cruzamento da Rua Moura Azevedo com a Avenida Presidente Roosevelt, em prédio construído em 1917, que fica em frente à antiga sede do Clube Sociedade Gondoleiros.

Eduardo jura de pés juntos que a vermuteria é o último negócio a ser posto em prática. Ah, espera aí, ele lembrou agora de mais uma ideia que está na gaveta – o projeto de uma livraria. Não conta para ninguém, mas já andou até batendo pernas pelo Bom Fim à procura de um imóvel, tudo por conta da vontade de criar espaços de boa convivência e cultura de qualidade. Porto Alegre agradece.

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Com a cara dos anos 80

Uma das mais emblemáticas bandas dos anos 1980 está de volta. Lançado nas plataformas digitais na sexta, dia 23/8, o álbum MiniMundo reúne as canções anárquicas e transgressoras do Atahualpa Y Us Punquis, grupo que costurou de modo peculiar e intransferível influências de pop básico, punk rock, música serialista e atonalismos sob a batuta de Carlos Eduardo Miranda, o Gordo Miranda, músico e produtor responsável pela formatação de boa parte do rock nacional nas últimas três décadas.

O show de lançamento de MiniMundo, álbum do selo YB, de SP, acontece na segunda-feira, dia 26/8, na Segunda Maluca do bar Ocidente, em Porto Alegre. Outras duas apresentações estão agendadas em São Paulo – dia 10/9, no Centro da Terra, em Perdizes, e em 12/9 no Mundo Pensante, no Bixiga, com a Orquestra da Depressão Provinciana, contando ainda com as participações especiais de Gabriel Thomaz, Marcelo Gross e Beto Bruno. 

O disco foi gravado em março deste ano no Estúdio IAPI, na zona norte de Porto Alegre. Além das canções do Atahualpa, inclui Pop Básico, música inédita feita por Carlinhos Carneiro para a ocasião. Se, por um lado, MiniMundo constitui o resgate de um repertório representativo de uma época fecunda do rock, também surpreende pelas melodias agradáveis, com letras inteligentes e afiadas.

— Num momento distópico, num lugar que se tornou surreal, nada como uma boa dose de poesia atemporal e um chute na bunda com boa dose de punk, rock e qualquer loucura que seja, resume Flávio Flu Santos.

Com certeza, o Gordo Miranda ficaria orgulhoso e diria: “É isso aí, velhinho!”. 

 

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As cores do invisível

Nos anos que sucederam a abolição da escravatura no Brasil, em 1888, os negros que haviam se libertado do jugo de seus senhores coexistiram em áreas pobres e degradadas de Porto Alegre com imigrantes europeus, não apenas italianos e alemães, mas também judeus, pomeranos e poloneses.

Como eram as relações entre essas duas populações de trabalhadores é o tema de Além da Invisibilidade: História Social do Racismo em Porto Alegre durante o Pós-Abolição (EST Edições), livro lançado no dia 5/7 pelo historiador Marcus Vinícius de Freitas Rosa.

Uma das descobertas da investigação é a de que, mesmo entre populações pobres, a discriminação por causa da cor se sobrepunha ao nivelamento social, como destaca o historiador:

— A pele branca era um trunfo para os trabalhadores pobres de origem europeia, ainda que fossem todos, brancos e negros, miseráveis, morando à beira de um riacho imundo. É como se dissessem: “Pelo menos, somos brancos”.

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A praia de Porto Alegre

O Brique da Redenção está completando 41 anos como um espaço de convívio democrático com lugar cativo no coração dos porto-alegrenses.

—  O Brique é a sala de estar de Porto Alegre. A gente chega aqui domingo pela manhã para abrir a sala e receber as pessoas da melhor forma possível, diz João Batista da Rocha, um dos fundadores da feira.

O hábito dominical se enraizou a tal ponto entre os porto-alegrenses que, hoje, é como se o Brique fosse a “praia” da capital gaúcha – além de atração turística (quem nunca levou algum parente ou amigo vindo de fora para conhecer a feira?), é lugar de passeio e ambiente saudável de convivência democrática a céu aberto, acessível a todos sem distinção de classe, etnia e credo religioso ou político.

Além disso, o Brique é palco privilegiado de manifestações culturais e políticas. Músicos de rua, artistas de teatro e dança, malabaristas, mímicos, capoeiristas e estátuas vivas se misturam a ativistas políticos e candidatos em campanha, em épocas de eleição. A via pública se transforma em cenário de festa e cidadania.

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