Com sabor e sabedoria
Agradável tanto ao paladar quanto à consciência, o HIVE É UM LUGAR PARA SE Comer bem, de maneira sustentável e junto de quem se gosta
Mais do que um restaurante, é uma casa.
Uma casa descolada, entende? É casa, mas não é casa da mãe, nem da avó, onde tem sempre uma lasanha prontinha para ser servida. É casa de amigos, mas não é república, com toda aquela bagunça ilustrada por uma pirâmides de pratos e louças na pia para lavar. É casa de amigos, com um toque de sofisticação.
Como assim?
Escuta, é um lugar de comida com significado. Comida criativa, consciente e posicionada, feita a partir de ingredientes orgânicos, locais e sazonais. Pronto, dá para dizer tudo de uma só vez: é o HIVE, o mais novo restaurante da Padre Chagas, inaugurado na quinta-feira, dia 10/1.
HIVE significa colmeia em inglês, expressão que sintetiza a ideia de cooperação fraterna que inspira o projeto, criado por três amigos – o economista Juliano Fagundes Barcelos (34 anos) e os advogados Fabricio Maia (32 anos) e Suzana Rahde Gerchmann (30 anos).
Eles acreditam que comer bem, de maneira sustentável e junto a quem se gosta, nos reestrutura e nos dá forças e alegria para seguir no mundo.
– A gente quer oferecer um ambiente acolhedor, como se fosse a casa dos amigos, mas com um toque de sofisticação na cozinha, afirma Suzana.
A escolha do nome tem a ver ainda com outro significado da palavra – no meio gastronômico, HIVE indica uma cozinha assoberbada por múltiplas atividades.
– Tem tudo a ver também. Como eu espero que a casa esteja sempre cheia, não faltará correria na cozinha, brinca Suzana.
Os sócios têm em comum a curiosidade e a paixão pela gastronomia. Até pouco tempo, administravam o Orquestra de Panelas, tradicional restaurante localizado ali mesmo, no sobrado da Padre Chagas, 196. Em dezembro do ano passado, decidiram finalizar um ciclo e dar início ao novo projeto, sem trocar de endereço.
O casarão em que o HIVE está localizado, no primeiro andar, foi construído em 1927 e, originalmente, era uma residência familiar. De acordo com a moda da época, a arquitetura mistura o neoclassicismo, que procurava superar o passado colonial, ao chamado ecletismo, que combinava uma série de outros estilos. É uma das casas remanescentes da década de 1920 ainda bem preservadas no Moinhos de Vento.
A fachada está inalterada e bem cuidada para não se descaracterizar. Já o espaço interior foi modificado de modo a criar um ambiente de aconchego e descontração. Avistados das janelas, os muros do pátio substituíram a cor cinza pelos desenhos coloridos com plantas, flores, pássaros e borboletas feitos pelo grafiteiro Deivid Bizer.
No cardápio, a prioridade é a aplicação de produtos orgânicos, sem agrotóxicos. Além de mais saudáveis, são produzidos de modo sustentável, argumenta Suzana. A proposta é trabalhar com fornecedores próximos a Porto Alegre, como jeito de apoiar a cadeia produtiva local sem trair o conceito de sustentabilidade.
Outra faceta peculiar é o aproveitamento de ingredientes sazonais, de preferência buscados junto às feiras orgânicas da cidade. Há um prato, por exemplo, que combina cuscuz com diferentes legumes, conforme a estação que desponta no calendário.
Nem por isso o chef Nicolas Stefanoski – com passagens pelo Le Bateau Ivre Porto Alegre e o Press Restaurante – hesita em misturar a simplicidade dos ingredientes com recursos gastronômicos sofisticados. Um exemplo é a técnica do sous vide (sob vácuo, em francês), que implica em cozimento lento, em baixa temperatura.
– É um método que preserva e, mais que isso, enaltece as características originais dos alimentos, garante Suzana.
Clica nas imagens abaixo para conferir o visual de alguns dos pratos da casa – risoto de beterraba, panache de frutas, nhoque de mandioquinha, fideuá de camarão e tartare de tomate (imagens de José Antônio Kalil).
Para quem ficou com água na boca para conhecer o novo restaurante, pedimos a Suzana que sugerisse alguns pratos com a cara do HIVE.
Para começo de conversa, ela indicou uma das opções de entrada, o tartare com tomate em cubinhos, mostarda Dijon, cebola roxa e pepino, além de gaspacho de tomate cereja, tudo acompanhado de torradinhas. É um prato “bem temperado e completamente vegano”, saboroso a ponto de agradar, inclusive, aos que habitualmente não excluem a carne de suas refeições.
Outra dica é o risoto de beterraba defumada, com queijo coalho, brotos e pepino, um prato de “sabor único, que parece simples, mas é extremamente complexo”, e que encanta também pela bonita cor adquirida graças ao suco da beterraba.
Por fim, Suzana dá a dica de uma receita espanhola, o fideuá (primo-irmão da paella) com camarões graúdos, massa risoni, açafrão, cebola, tomate e mascarpone (creme de queijo produzido a partir da mistura de creme de leite com ácido cítrico).
O HIVE está aberto de segunda a sábado, do meio dia às três da tarde e das sete e meia às onze da noite. O almoço executivo reserva pratos com preços promocionais, além da oferta de taça de vinho a R$ 15.
É uma nova opção de restaurante, com jeito de casa, que traz leveza e boas energias. Em outras palavras, um espaço com sabor e sabedoria, que é para fazer bem para o corpo e o espírito.