A arte negra no centro do palco
A CURA – 1ª Mostra de Artes Cênicas Negras de Porto Alegre apresenta espetáculos de teatro, dança, música e performances interativas
Uma mostra produzida por e para artistas negras e negros, com o intuito de celebrar e mapear as produções e os corpos que produzem o antídoto contra a doença colonial através da arte.
É o que propõe a CURA – 1ª Mostra de Artes Cênicas Negras de Porto Alegre, com espetáculos de teatro, dança, música e performances interativas. Aberto nesta quarta-feira, dia 2/12, com a peça-manifesto A Mulher Arrastada, protagonizada por Celina Alcântara, e o show Samba com Pâmela Amaro e Glau Barros (acompanhadas pelos músicos Silfarney, Alexsandra Amaral e Wagner Barcelos), o evento vai se estender até 7/12.
— A proposta é trazer as subjetividades negras para o centro do debate das artes cênicas. A mostra surge como uma ação artística de reparação histórica e de caráter antirracista, que pretende contribuir para que possamos avançar como civilização — diz Thiago Pirajira, responsável pela direção-geral e curadoria ao lado de Silvia Duarte.
A realização é da Coordenação de Artes Cênicas da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre.
Os espetáculos acontecem em três formatos – transmissões ao vivo ou previamente gravadas pelo YouTube e o site da mostra, que são gratuitas, e apresentações ao vivo pela plataforma Zoom. Neste último caso, é necessário reservar ingressos com antecedência (link disponível no portal da mostra). Os eventos online contam com a parceria do Macumba Lab, coletivo formado por profissionais negros e negras de audiovisual do RS.
Segundo Pirajira, os curadores estão trabalhando na seleção dos espetáculos desde julho com a ideia de apresentar um panorama diverso e plural da produção cênica de artistas negros.
– Somos 55% da população brasileira, mas ainda não há representação proporcional a esse contingente dentro da produção artística do País – assinala ele.
Com 80% da programação ocupada por artistas locais, a CURA – 1ª Mostra de Artes Cênicas Negras de Porto Alegre também abre espaço para produções de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal, além de França e Finlândia.
Entre os espetáculos previamente gravados, está a experimentação cênico-audiovisual O Muro, de Denilson Tourinho (MG), com filmagem de Camila Figueiredo, além de Reverb, narrativa poética, visual e sonora que envolve gestos tensionados, sons, texturas e diálogos imagéticos, concebida pelos coreógrafos Mário Lopes (radicado na Finlândia) e Malu Avelar (MG), com direção de Ana Paula Mathias.
No formato da plataforma Zoom, será mostrado Macumba Virtual, proposta interativa performática de Saskia, destaque da cena underground do RS como cantora e compositora e também como roteirista, diretora e atriz de audiovisual.
As apresentações ao vivo gratuitas incluem O Feminino Sagrado: Um Olhar Descendente da Mitologia Africana, com direção de Iara Deodoro, do Afrosul Odomodê, e Corpos Ditos, do Grupo Pretagô, com direção de Bruno Fernandes e Silvana Rodrigues.
Em paralelo, a CURA – 1ª Mostra de Artes Cênicas Negras de Porto Alegre disponibiliza oficinas e conferências performáticas, além de rodas de conversa, com a presença de artistas, produtores e gestores da área cultural.
A mostra conta ainda com a cobertura de textos críticos dos espetáculos em cartaz a cargo do Olhares de Cena, site do ator, dramaturgo e crítico Diego Ferreira.
Confira aqui a programação completa da CURA – 1ª Mostra de Artes Cênicas Negras de Porto Alegre.